quarta-feira, 25 de julho de 2007

Malas e malas


Existem muitas palavras para denominar alguém sacal. Chamar de "porre", por exemplo, eu acho injusto. Deve ser invenção de algum puritano. Todos sabem, ficar de porre é das coisas mais divertidas que existem - se bem que, geralmente, quem fica de porre acaba também ficando um, principalmente para quem não está.

Alguns preferem "pentelho", gíria que tem em Fausto Silva, ele mesmo um dos grandes, o maior difusor. Acho o termo desmerecedor para com os pelinhos escrotais. Em tempos em que homens utilizam de expedientes poucos masculinos, cortar/raspar os pentelhos virou prática recorrente. Eu, a quilômetros de ser metrossexual, conservo os meus por perto, exatamente ao contrário do que faço com os malas. "Mala", aliás, é a minha palavra preferida para referir-me às pessoas incômodas. E aí sim com merecimento, porque mala é mesmo um troço chato do cacete.

Malas são sempre difíceis de carregar. Por mais rodinhas que tenham as modernas, é só levá-las por uma distância um pouco maior para notar que, na verdade, isso mais atrapalha do que ajuda. As alças, que parecem faltar às pessoas a quem a bagagem empresta o apelido, também não aliviam muito. A não ser que você seja algum talento obscuro do halterofilismo, só aumentam as possibilidades de contusões e escolioses.

Também é um saco arrumar as malas. Se você tenta ser minimalista e coloca apenas o essencial, em algum momento da viagem vai sentir falta de alguma coisa, tipo um baralho de mulher pelada (como pôde ter esquecido algo tão imprescindível?). Ser precavido também não ajuda, na medida em que o peso é proporcional ao medo de deixar algo de fora. Em alguns momentos, o carteado de desinibidas parece pesar tanto quanto as próprias em carne e osso.

Mais difícil que preparar as malas na ida, só aprontá-las na volta. Nesse momento, diante de toneladas de roupa, o precavido pergunta-se por que cacete trouxe tanta coisa, como conseguiu fazer caber tudo aquilo e, mais importante, como fazer para repetir o feito. A vida também não é fácil para o minimalista: por menos que tenha trazido, por poucas que tenham sido suas compras durante a viagem, a única recordação adquirida é invariavelmente grande, pesada e torna a mala impossível de fechar. Mas não dá para culpá-lo: como resistir a um barril de chope alemão de 15 litros?

Sem contar o risco das malas serem extraviadas ou até mesmo roubadas. Aí, sorte dos minimalistas, que, se de qualquer forma sentiriam falta das gostosas do baralho, as encontrarão a salvo no fundo do guarda-roupa quando chegarem em casa.

É aí que reside a única infeliz diferença entre os gêneros. Os malas são bem mais difíceis de se perderem. Se não fossem, duvido que haveria alguém nos balcões de reclamação tentando reaver os seus.

Um comentário:

ju leal disse...

usa "pôchéti" então!! só não esqueça do maço de cigarros no ombro contrário do que transpassa a tal da malinha...