sábado, 5 de maio de 2018

Fuga da MEGASTORE

Sabe a tal conveniência? Foi ela que me fez ir a uma dessas mega livrarias, num shopping perto de casa, ontem à noite. Precisando comprar um livro para animar um amigo hospitalizado, procurei a livraria mais próxima. Era aquela. A explicação parece desculpa porque é isso mesmo. Me senti culpado por entrar lá. Já havia estado ali, mas não lembrava de ser tão ruim.
Olhei para as prateleiras e vi que aquilo era tudo, menos uma livraria. Nem eles mesmos se dizem uma: são MEGASTORE. Tinham livros - afinal, qualquer pilha de folhas com texto impresso e encadernada é um livro -, mas raríssimos que valessem a celulóide. Autoajuda, religiosos, subliteratura distópica e pseudoerótica, titulos assinados por youtubers e promotores da Lava Jato. Pense numa aberração, e eu te garanto que eles tinham. Livro "livro", desses que a gente recomenda ou cita para "fazer charme de intelectual", pouquíssimos.
Diga que é bobagem, mas eu fiquei triste, abalado mesmo. Livrarias costumam ser lugares legais, onde gosto de passar horas. Daquela, mal podia esperar para fugir. Pode ser que a minha impressão tenha sido essa por eu insistir nesse negócio de escrever, e, naquele cenário, questionar a validade das horas empreendidas nisso.
Mas, como disse, havia uns poucos bons livros lá. Pareciam escondidos, reféns rezando para ser resgatados do cativeiro. Depois de muito procurar, numa contagem de tempo canina, consegui achar o que parecia ser um deles. Peguei, paguei e saí correndo. Sem olhar para trás, antes que os sequestradores se dessem conta.