A
maioria dos meus textos é escrita no celular, a caminho do trabalho ou na volta para casa.
No ônibus ou no uber/pop/táxi, aproveito que sou passageiro para agilizar a
produção de crônicas, textos, resenhas e até de rascunhos literários. Desde que
abandonei o carro, minha produtividade nas letras aumentou um bocado. Acontece
também, quando não escrevo, de aproveitar a viagem para consumir textos
alheios. É então que leio livros, revistas, notícias e, confesso, textões de
Facebook – que também produzo, claro.
Hoje
seria dia de leitura: pretendia começar "Geração X", do Douglas
Coupland - autor do qual já falei aqui. Um texto fácil, fluido, mas que, por ser no original em inglês,
requer um pouco mais de atenção. Estava curioso pelo livro, então achei que
esse interesse bastaria para garantir a concentração.
Eis
que chega atrás de mim, no ônibus, um sujeito careca e barbudo, mas aquela
barba bem aparada, com cara de eficiente, desses que "não tenho tempo a
perder". Como existem pessoas assim nos ônibus que pego. A
caminho de algum escritório da Vila Olímpia ou no Itaim, como eu, usam a viagem para adiantar o dia. O problema é que, em muitos casos, isso não
é feito em silêncio, com a leitura de notícias, e-mails ou mesmo feeds de redes
sociais. Implica em fazer ligações – aproveitando todos os minutos ilimitados
oferecidos pela operadora de celular – ou gravando mensagens de áudio.
Obviamente,
não passa pela cabeça dessa gente atarefada que possam estar atrapalhando os
companheiros de viagem. Invasão de espaço sonoro não parece ser interpretada
por eles como invasão. Será que eles não ligam para a portaria para reclamar do
barulho de furadeira no apartamento vizinho? Pois é. Barulho no ouvido dos
outros é refresco.
O careca produtivo falou, falou e falou. Fez, pelas minhas contas, umas três ligações
e gravou um áudio – olhei para ele para conferir. Agora, está descendo do
ônibus, com a vida agilizada. Eu desço em dois pontos. Li três páginas.
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