segunda-feira, 15 de maio de 2017

Simpatia na padaria 2


Outro dia, incomodado com o excesso de simpatia dos novos atendentes da padaria ao lado da minha casa, senti saudade do antigo dono, um português grosseiro. Escrevi um textão sobre isso, talvez você tenha lido. Dizia que, como na época do tuga mala, continuaria não indo à padoca.
Ontem, porém, com a consciência um pouco pesada, resolvi dar uma segunda chance. De novo, fui atendido com sorriso escancarado, em especial por um balconista gordinho. Menos ranzinza, deixei por menos. Tanto que hoje fui lá novamente. Desta vez, além de sorriso, de "amigão", teve também aperto de mão e "estava dando uma corridinha no parque?". Teve também uma epifania.

Em "Corpo fechado", o personagem do Samuel L. Jackson, um sujeito cujos ossos se quebram com incrível facilidade, tem uma teoria: se ele é assim, deve haver um extremo oposto seu, um cara indestrutível. Essa nêmesi de fato existe, e é interpretada pelo Bruce Willis.
Se é assim no filme do Shyamalan, por que não na vida real? E se esse balconista gordinho simpaticão for a nêmesi do português carrancudo? Faz sentido, não faz? Ah, talvez não faça.
Seja como for, se alguém faz esforço para ser legal, agradável, me parece injusto tratar essa pessoa da mesma forma que alguém que não faz nenhuma questão de te atender. Esta foi a verdadeira epifania.
Além do mais, o pão de lá é ótimo.
(Também publicado originalmente na minha página pessoal do Facebook)

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