quarta-feira, 6 de abril de 2016

Objeto não identificado

Eu subia a rua, ela vinha no sentido oposto. Ainda de longe, vi suas mãos ocupadas cada qual com uma coisa. A distância não me permitia identificar esses objetos, mas eu só precisava descobrir o que era um deles. Sempre que alguém tiver duas coisas relativamente pequenas nas mãos, pode apostar, uma delas é um celular. Nesse caso, o aparelho estava na mão esquerda, que permanecia parada enquanto a outra, segurando o que quer que fosse, era levada à boca em intervalos regulares.

Chegando mais perto, entendi aquele quadrado: uma embalagem de Toddynho. Quantas vezes eu mesmo, atrasado demais para tomar o café da manhã em casa, não havia comprado o achocolatado e feito dele um desjejum expresso? Nada digno de nota. 

Não fosse o outro objeto, ainda menor, notado somente ao me aproximar ainda mais. Dividia a mão com o Toddynho um cigarro, que revezava-se com o canudinho na boca da moça. Sem tirar os olhos do celular, talvez ela tenha chegado a confundi-los, sugando um, tragando o outro. Certas pessoas realmente não têm tempo a perder.

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