Eu subia a rua, ela vinha no sentido
oposto. Ainda de longe, vi suas mãos ocupadas cada qual com uma coisa. A
distância não me permitia identificar esses objetos, mas eu só precisava
descobrir o que era um deles. Sempre que alguém tiver duas coisas relativamente
pequenas nas mãos, pode apostar, uma delas é um celular. Nesse caso, o aparelho
estava na mão esquerda, que permanecia parada enquanto a outra, segurando o que
quer que fosse, era levada à boca em intervalos regulares.
Chegando mais perto, entendi aquele
quadrado: uma embalagem de Toddynho. Quantas vezes eu mesmo, atrasado demais
para tomar o café da manhã em casa, não havia comprado o achocolatado e feito
dele um desjejum expresso? Nada digno de nota.
Não fosse o outro objeto, ainda
menor, notado somente ao me aproximar ainda mais. Dividia a mão com o Toddynho
um cigarro, que revezava-se com o canudinho na boca da moça. Sem tirar os olhos
do celular, talvez ela tenha chegado a confundi-los, sugando um, tragando o
outro. Certas pessoas realmente não têm
tempo a perder.
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