terça-feira, 26 de maio de 2015

Se hoje fosse feriado


Se hoje fosse feriado, não haveria trânsito rumo às praias. As ruas que levam aos cemitérios, por outro lado, estariam intransitáveis. Mas o público dos carros não seriam viúvas e órfãos levando flores, como no Dia de Finados. Os que iriam aos cemitérios o fariam para brincar, de ler as lápides e imaginar quem seriam aquelas pessoas, como viveriam, onde estariam.
Haveria também os que prefeririam ficar em casa, lendo poesia, vendo filmes antigos ou ouvindo discos. Do New York Dolls, da Patti Smith, do Lou Reed, do T. Rex ou até mesmo do padroeiro do dia, que de santo não tem nada, graças a Deus. Os louvores dirigidos a ele, aliás, não vão para o céu, que sabe o quanto ele continua infeliz, mesmo depois de perdoar Jesus. Também não vão para o inferno, onde, depois de garantir um lugar para ele e seus amigos, Satã rejeitou sua alma.
Se hoje fosse feriado, seria proibido comer carne, mas não apenas vermelha, como numa Sexta-Feira Santa. Nesta sexta (que, lembremos, nada tem de santa), a carne a ser comida é nenhuma. Carne, ele nos ensina, é assassinato.
Hoje, mesmo sem ser feriado, é dia de ir para aquele clube, onde você pode encontrar quem realmente goste de você. Mas você não precisa ir sozinho, ficar sozinho e assim ir embora, nem ir para casa e chorar e querer morrer. Hoje as coisas podem ser diferentes, você pode conseguir o que quer. (Deus sabe, seria a primeira vez.)
PS.: Aproveite, Moz. Daqui a pouco não vai ser mais seu aniversário.
(O hoje a que se refere o texto, na verdade foi a última sexta.Texto publicado originalmente na fanpage do meu livro Quem Vai Ficar Com Morrissey?)

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