
Além das
entrevistas, a tarde na Play TV teve outras passagens memoráveis: dois
encontros com grandes figuras da música brasileira – cada um na sua devida prateleira.
Eu e a Laura (Macoriello, assessora de imprensa da Edições Ideal e autora dos
livros “Rock Para Pequenos”, da mesma editora) aguardamos um tempo no camarim o
fim de uma gravação para entrar no estúdio e começar a minha. Além de nós,
estava lá o Ricardo, sujeito conversador que dizia trabalhar com a banda
entrevistada no momento, uma de pagode. Imaginei ser um desses tantos grupos
novos, que nem sei o nome. Só pelas tantas, soube que eram nada mais, nada
menos que os Amigos do Pagode 90. Se, segundo meu amigo Costela, o Pagode 90 é
o Grunge brasileiro, os Amigos são nosso Temple of The Dog. Rapidamente, disse
para o Ricardo que fazia questão de tirar uma foto com o Eddie Vedder, o Chris
Cornell e o Stone Grossard – quer dizer, com o Chrigor, o Salgadinho e o Márcio
Art. “Claro, vai ser um prazer.” Assim que terminaram a gravação, eles vieram,
e realmente foi um prazer.

Mais ou
menos uma hora depois, terminada a minha própria gravação, soube que, agora,
quem esperava no mesmo lugar onde já tinha estado era o Clemente. Sim, o
célebre vocalista da banda paulistana de punk rock Inocentes e, atualmente,
também da brasiliense Plebe Rude. Desnecessário dizer, também quis tirar uma
foto com o cabra. Talvez até para manter a fama, Clemente foi mais carrancudo
que os sorridentes pagodeiros, mas igualmente atencioso e gentil. Quando lhe
mostrei e falei a respeito do meu livro, mostrou-se interessado – “Que ideia
legal, cara. Parabéns!” – e se propôs a sortear uma edição no programa de TV
que apresenta.
Aí você me
pergunta: “Tirar foto com Clemente, tudo bem. Mas com o Salgadinho e o Chrigor?
Como assim? Você não é ‘do rock’?” Mesmo achando cafona pra caramba essa
história de ser “do rock”, te responderia que, sim, eu sou “do rock”. Quase
tudo o que eu tenho de discos e MP3 é do gênero (e dos seus subgêneros). Mas,
ainda assim, ouço muito coisas como o Art Popular, o Exaltassamba e o
Katinguelê – na minha jukebox mental, mas ouço.
Se você já
começou a ler “Quem Vai Ficar Com Morrissey?”, sabe bem a que me refiro.
Jukebox Mental é o nome que dei ao depósito de músicas que todos nós temos sob
a caixa craniana, cujos disquinhos são ativados não por moedas, mas por
sinapses. Cada associação a nomes, lugares, situações e pessoas nos faz lembrar
de uma música, e nem sempre essa música é aquela que pega bem dizer que ouve,
tipo Neil Young ou John Coltrane. Quem nunca se pegou pensando em “Pimpolho”
diante de um cara que fica assanhado diante da presença feminina? Ou olhou para lua e cantarolou “lua vai... iluminar os
pensamentos dela”? É, não vejo nenhuma pedra vindo em minha direção.
Ao contrário
da minha coleção de LPs, o acervo da minha jukebox mental nada tem de seletivo.
É eclético, múltiplo e divertido, vai de Inocentes e Plebe Rude a Exaltassamba
e Art Popular. Meus encontros da última tarde fazem jus a ela.
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