Você escreve um livro. Um livro pessoal.
Não é necessariamente autobiográfico, mas muitos dos que leem acreditam: quem
está ali é você, não um personagem. Por mais que o livro se baseie em você e em
acontecimentos vividos, o protagonista não é você, a história não é a sua. Você
faz questão de reforçar isso sempre que possível, mas não é o suficiente. Acontece
com você o mesmo que a um ator confundido com seu papel na novela. Pessoas que
não te conhecem de fato julgam-se muito próximas, impressão intensificada pelas
redes sociais, nas quais te seguem. Esperam receber de você o tratamento dos
íntimos. Quando você, embora atencioso, não as trata como tal, sentem-se traídas.
Salinger diz que, quando um livro é bom mesmo, temos vontade de ser amigos do
autor, para poder ligar para ele. Penso nisso e, lisonjeado, entendo esses
leitores. Espero que eles também me entendam.
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