Aos 70 anos, Ben Whitaker é viúvo e muito bem aposentado. Após viajar o mundo inteiro, agora, para ocupar
o tempo vago, inscreve-se em um estágio para a terceira idade oferecido por uma
start-up. Trabalhando diretamente com a fundadora da empresa, que tem metade de sua
idade, o experiente Ben lhe ensina muito sobre a vida.
Um pouco mais jovem, Daniel Blake também é viúvo, mas está longe de se aposentar, embora sua cardiologista lhe diga que seria o melhor a fazer. Uma perita da previdência tem outra opinião e lhe nega o seguro por invalidez. A partir daí, começa o calvário de Daniel pelos labirintos burocráticos, a fim de receber o benefício que lhe
possibilitaria um pouco de dignidade no fim da vida.
Ben e Daniel
são personagens de ficção. O primeiro é protagonista de “Um Senhor Estagiário”,
comédia hollywoodiana bonitinha. O outro dá nome a “Eu, Daniel Blake”, mais
recente realização de Ken Loach, cronista das desventuras da classe operária
britânica. Sim, a história de Daniel é ficcional, mas se inspira numa realidade
bem mais comum que a de Ben.
Não dá para
assistir ao filme inglês sem pensar no presente de tantos idosos e no futuro das
próximas gerações, aqui mesmo, no Brasil. Com as mudanças na previdência, a
maioria de nós será obrigada a fazer o possível para estender a vida útil,
contrariando as impossibilidades físicas e o mercado de trabalho, que prefere
jovens para ocupar um número cada vez menor de vagas.
Mas sempre
haverá um ou outro Ben Whitaker, ainda na ativa por pura diversão. Sem contar o
Mick Jagger. Passado dos 70, o cantor trabalha feliz, sem se cansar, sem nunca
reclamar da crise ou da previdência.
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