Talvez
por saber, pelo teor dos meus posts e likes no Facebook, da minha simpatia pelo movimento
feminista e da minha nerdice, uma amiga me marcou num post e perguntou minha
opinião sobre a polêmica em torno do pôster do último filme dos X-Men. Sabe do
que estou falando, né? Me refiro ao cartaz em que o vilão Apocalipse aparece
estrangulando a heroína (de ocasião) Mística. A imagem deixou feministas de
cabelo em pé. Segundo elas (e eles, por que não?), a imagem é misógina.
Sob o
título “Só os fortes sobreviverão”, a peça daria a entender, para quem visse a
peça fora de contexto, que se trata da predominância do homem sobre a mulher,
sexo “frágil”, que não sobreviveria. A
Adriana disse que, como viu um like meu em outro post sobre o tema – um que
dizia que, na verdade, mulheres sempre apanharam (e bateram) nos quadrinhos, e
tudo bem – queria saber o que eu tinha a acrescentar na discussão.
Leio
quadrinhos desde os anos 1980. Naquela época, o movimento feminista talvez não
fosse tão ativo quanto é hoje ou quanto já havia sido, mas já tinha deixado suas marcas nessa e em todas
as mídias. As mulheres representadas nos gibis eram, em sua maioria, fortes,
poderosas, independentes, líderes. Mulher-Maravilha, Mulher-Hulk, Bat-Girl,
Mulher-Aranha... Isso sem contar uma personagem dos próprios X-Men: Jean Grey,
como Fênix, se tornou simplesmente o ser
mais poderoso do Universo. Uma mulher.
Todos
essas personagens se envolveram em conflitos violentos, em que o destino da
humanidade dependia delas. Comprometidas com o futuro da espécie, essas
heroínas não hesitavam em bater em quem fosse. E, eventualmente, apanhar.
Normal. Parte da rotina de quem coloca a segurança do mundo (ou do universo) na
frente da sua própria. Por aí, já deu para entender que não vejo nada de errado
numa figura feminina levando a pior (momentaneamente, é sempre bom lembrar) no
mundo dos quadrinhos. Os revezes, afinal, são o que dá graça a qualquer
narrativa ficcional.
Sobre
o pôster em si, o que disseram é que, comparado ao de outras obras do gênero, é
o único que mostra uma mulher se dando mal. Nos demais, são sempre antagonistas
masculinos em pé de igualdade. Daí a suspeita de misoginia. Será? Acho mais uma
questão de incompetência. Quem escolheu aquela imagem talvez o tenha feito não
por ela ser a mais emblemática, a mais tensa, a que vendesse melhor o filme.
Talvez a escolha tenha se baseado unicamente num critério de layout: sendo
horizontal, a imagem se encaixaria perfeitamente em out-doors desse formato. E
olha que a imagem nem é grande coisa, do ponto de vista estético.
Duvido
que o chefão do marketing do estúdio, responsável pela escolha, imaginasse
ofender tanta gente. Mas, hoje, não dá para fazer nada em comunicação, nada
mesmo, sem levar em conta um milhão de variáveis, inclusive esta. Ou, melhor,
principalmente esta. O politicamente correto pode ser chato, mas é necessário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário