segunda-feira, 23 de março de 2009

Thom Yorke, camisa 10


Você pode até ir ao estádio sozinho, mas só estará sozinho até o seu time fazer um gol. Esse momento promove os estranhos ao seu redor a amigos íntimos, com direito a abraços fraternais que muitos irmãos não se dão.

A platéia do Radiohead ontem era, em grande parte, formada por pessoas que só se aproximam de um estádio se nele for realizado algum show. Nunca viram um jogo sozinhos, e, ainda assim, sabem exatamente do que estou falando. Podem não saber que sabem, mas sabem.

Ainda no começo do concerto, me despedi da turma com quem estava e, sozinho, me lancei na improvável missão de encontrar duas amigas do outro lado do enlameado gramado da Chácara do Jóquei. Cerca de 500 metros, multiplicados pelo número de obstáculos (pessoas) que tive que transpor para atravessá-los. Um show tão aguardado, de uma das minhas bandas preferidas, e eu lá, longe dos amigos, dos que me separei e das que buscava. Sozinho. Foi então que o Radiohead fez um gol.

“Karma Police” me transportou a 1997, quando eu ainda estava na faculdade e as pessoas ainda compravam discos. Pelas vozes em uníssono, eu não era o único dali que tinha comprado “OK Computer”. Estranhas e estranhos (em alguns casos, bem estranhos) compartilharam comigo a emoção de ouvir pela primeira vez ao vivo melodias que o CD player e, agora, o iPod não se cansam de executar. Uma espécie de comemoração, que, como a do gol, também me fez ficar rouco.

Se houvesse entre os 30 mil presentes alguém que não fosse Radiohead Esporte Clube, o futebol vistoso apresentado na goleada – “Karma Police” foi só um gol de muitos – rapidamente o converteria. E, se soubesse que é assim que se sente quando seu time faz um gol, certamente esse pessoal começaria a ir a estádios com mais freqüência.

4 comentários:

Costela disse...

Mas e os papéis de carta?

Leandro Leal disse...

Devidamente escondidos, é claro.

ju leal disse...

e os hermanos? bola na trave? uhauhaua

Leandro Leal disse...

Pra mim, sim, Ju. Bola fora... :-)