Não lembro
qual foi a última vez que li dois livros de um mesmo autor em seguida, mas
também não me recordo de quando gostei assim de um escritor. "Primeiro o
amor, depois o desencanto (e todo o resto de nossas vidas)" me
impressionou tanto, que, ao terminar, tinha de ler mais do Douglas Coupland. E
não podia esperar.
A escolha
óbvia foi sua obra mais famosa: "Geração X", título com o qual
Coupland batizou todos os nascidos entre os finais dos anos 1950 e 1970.
Procurando mais sobre o livro, soube que Kurt Vonegut não poupou elogios a ele,
comparado à sua obra. Lendo-o, entendi o porquê -- dos elogios e das
comparações.
"Geração X" traz como protagonistas os amigos Dag, Claire e Andy, o narrador. Beirando os 30 na virada dos anos 1980 para os 1990, os três abandonam as carreiras em grandes cidades para, na contramão do Sonho Americano perseguido pelos pais, se dedicar a não querer nada. O adequado cenário de suas ambições é Palm Springs, cidade-oásis localizada no meio do deserto habitada quase unicamente por aposentados, onde se conhecem. Ganhando o suficiente para o sustento sem luxo, ocupam-se em subempregos aquém de suas capacidades ("macjobs") e, principalmente, em contar histórias uns para os demais.
"Geração X" traz como protagonistas os amigos Dag, Claire e Andy, o narrador. Beirando os 30 na virada dos anos 1980 para os 1990, os três abandonam as carreiras em grandes cidades para, na contramão do Sonho Americano perseguido pelos pais, se dedicar a não querer nada. O adequado cenário de suas ambições é Palm Springs, cidade-oásis localizada no meio do deserto habitada quase unicamente por aposentados, onde se conhecem. Ganhando o suficiente para o sustento sem luxo, ocupam-se em subempregos aquém de suas capacidades ("macjobs") e, principalmente, em contar histórias uns para os demais.
Esses
contos insólitos têm como temas, entre outros, o fim do mundo e a busca pelo
sentido da vida, e se baseiam em experiências pessoais e medos. A partir do
trio e de suas observações, o livro mostra o que é a tal "Geração X",
com todos os seus subgrupos. Repleta das histórias contadas pelos amigos, a
narrativa é pontuada por verbetes de um vocabulário próprio -- além do já
mencionado "macjobs", "brazilification" define o abismo
entre ricos e pobres em uma sociedade desprovida de classe média, enquanto
"lessness" dá nome à filosofia de acordo com a qual os objetivos de
vida se redimensionam à incapacidade do sujeito.
Numa
história contada por Dag, uma ex-colega de trabalho lhe diz: "A vida tem
apenas dois ou três momentos genuinamente interessantes, o resto serve apenas
para preencher. A maioria de nós vai ter sorte se alguns desses momentos se
conectarem e formarem uma história vagamente interessante." Se for isso
mesmo, embora fale tanto sobre a vida, "Geração X" é bem diferente
dela.